Ser tatuador ou estar tatuador?
Ser tatuador é muito mais do que dominar uma técnica ou empunhar uma máquina.
É viver e respirar arte diariamente, entender o corpo humano como uma tela viva e se comprometer com cada detalhe de um desenho que ficará marcado na pele de alguém para o resto da vida.
Não se trata apenas de fazer uma tatuagem, mas de criar uma conexão emocional, interpretar desejos, contar histórias e eternizá-las.
É um ofício que exige entrega, paciência e aprimoramento constante, onde o aprendizado nunca termina, pois a arte, como o próprio ser humano, está sempre em evolução.
Quem é tatuador, é tatuador onde estiver.
Às vezes, ao assistir um filme, se perde da história ao observar a iluminação sobre o rosto de um ator, imaginando como essa luz poderia ser capturada em um trabalho de realismo. Na rua, vê uma sombra de árvore caindo sobre o asfalto e já visualiza como aquele jogo de contraste ficaria em uma tatuagem em preto e cinza. Cada detalhe da vida cotidiana se torna uma referência para a arte na pele.
O tatuador enxerga beleza em lugares onde outros passam despercebidos.
Para ele, uma parede grafitada, uma peça de roupa com estampa vibrante, até mesmo as texturas e formas da natureza são potenciais inspirações.
O tatuador estuda seu cliente.
Ele entende que não está apenas desenhando na pele, mas tatuando histórias, emoções e significados. O respeito ao cliente vai além da relação profissional: é uma busca profunda por compreender a essência do que o cliente deseja expressar com aquela tatuagem.
E há algo quase indescritível no momento em que o tatuador vê o brilho nos olhos de quem confiou sua pele àquela arte. É aí que a vida do tatuador encontra sentido – no sorriso, no olhar emocionado, na realização que vem quando o cliente se vê transformado pelo trabalho.
Não é só sobre traços, mas sobre vida, conexão e entrega.
Estar tatuador, por outro lado, é algo superficial e temporário.
São aqueles que entram nesse mundo sem paixão genuína, sem a dedicação necessária para se tornarem artistas completos. É o indivíduo que vê a tatuagem apenas como uma maneira rápida de ganhar dinheiro ou como uma moda passageira.
O problema de estar tatuador é que falta a profundidade, o envolvimento verdadeiro com a arte e com os clientes. Esse tipo de abordagem tende a desvalorizar o que há de mais importante no processo: a confiança, o respeito pela pele alheia e o compromisso com o bem-estar físico e emocional do tatuado.
A diferença entre ser e estar tatuador é clara: *ser* envolve paixão, compromisso e evolução contínua. Um verdadeiro tatuador entende a importância de cada traço, de cada escolha de cor e estilo.
Ele ou ela está disposto a crescer, a aprender novas técnicas e a melhorar a cada trabalho. Quem é tatuador não se limita ao estúdio: vê arte em todo lugar, seja nas sombras das folhas, na geometria das cidades ou nas expressões humanas.
Em qualquer canto, ele é tatuador, porque a arte corre em suas veias e seu olhar artístico nunca descansa.
Já quem apenas *está* tatuador tende a estagnar, a realizar trabalhos sem a devida dedicação, o que resulta, inevitavelmente, em uma arte sem alma e em clientes insatisfeitos.
Portanto, ser tatuador é aceitar a responsabilidade de transformar vidas por meio da arte, enquanto estar tatuador é apenas passar pela superfície sem mergulhar na verdadeira essência dessa profissão.
É uma questão de escolha: viver a arte ou apenas transitar por ela.
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